Quando surgiu, em 1996, a franquia de terror “Pânico” se tornou um sucesso ao comentar os clichês do gênero de maníacos assassinos (sobrenaturais ou quase) e subvertê-los.
A cada continuação, no entanto, a série se perdia nos chavões que um dia tanto caçoou. Com a estreia nesta quinta-feira (13) de “Pânico” (assim mesmo, sem numeral), seu quinto filme, a saga de Sidney Prescott (Neve Campbell) e seus amigos parece ter voltado um pouco aos eixos.
Pelo menos é o que mostram os números. O g1 fez uma maratona com todos os episódios da franquia e levantou estatísticas de cada um deles. E ela indicam que nem sempre o número de mortes se traduz em qualidade.
Estatísticas da série ‘Pânico’ — Foto: Vitória Coelho e Kayan Alberton/Arte g1
Gritos
É justo abrir a contagem com o número de gritos dados em cada filme. Afinal, “Grito” é o título original da franquia. Aqui, vale apenas grito de medo, de pavor, de terror ou de (hehe) pânico.
Logo de cara, já é notável como a quantidade de gritos não significa qualidade. Afinal, o terceiro filme tem quase o dobro da média dos demais, mas é de longe o pior deles.
Mortes
Este leva em conta apenas mortes de vítimas, não dos vilões. O aumento segue o padrão previsível, comentado nos próprios filmes, de que sequências devem sempre superar seus antecessores em contagem de corpos.
A exceção fica com o último, que chega a recuperar a qualidade da série ao voltar para o número de vítimas do primeiro. Ou seja, não importa quanto se morre, mas como (ou quem).
Vale um destaque também para o quarto filme, que engana. Afinal, algumas de suas estatísticas enganam já que ele começa com duas mortes que se revelam parte de um filme que as personagens estão assistindo. Em seguida, uma mata a outra, e estas então aparecem como uma cena de outro filme.
Ou seja, são mortes de um filme dentro de um filme dentro do filme, e depois do filme dentro do filme. É confuso.
Ghostface admira uma de suas vítimas no novo ‘Pânico’ — Foto: Divulgação
Ataques
Os ataques levam em consideração todas as vezes em que o Ghostface (ou um dos) investe contra um ou mais personagens. Importante ressaltar que uma série de tentativas em um grupo em um mesmo local ainda conta como um ataque só. Vale quase para analisar a eficiência dos assassinos.
Discussões cinéfilas
A franquia “Pânico” é conhecida por sua linguagem autoconsciente, com personagens sempre discutindo as regras do gênero de terror enquanto parte do próprio.
Aqui vale não apenas os longos monólogos do “especialistas” dentro de cada filme, mas também pequenas referências a outros grandes exemplares do horror.
Ironicamente, o segundo começa dentro de um cinema e dá início à série dentro da série, com os filmes “Stab” (“A facada”) como uma franquia própria recontando os assassinatos de cada capítulos.
Além disso, ainda se passa em uma faculdade, com alunos de um curso de cinema, e mesmo assim é o episódio com menos discussões ou referências.
Já o terceiro se passa nas gravações de um dos “Stab”, na própria Hollywood, e também fica atrás dos demais. Em “Pânico” pelo jeito mostrar o tema às vezes já é o suficiente.
Neve Campbell e Courteney Cox em cena do novo ‘Pânico’ — Foto: Divulgação
Sustos
Este talvez seja a estatística mais subjetiva. Afinal, não leva em consideração sustos dos personagens, mas aqueles causados no público com sons ensurdecedores e repentinos (os chamados “jump scares”).
Uma análise rápida mostra como eles são na maior parte do tempo desnecessários. Afinal, o melhor dos filmes, o primeiro, é o que menos utiliza o recurso.
Porradas nos vilões
Para finalizar, uma das grandes marcas de “Pânico”. Ao contrário de antecessores do gênero, como “Halloween” ou “Sexta-feira 13”, os vilões da franquia são humanos normais apenas com alguns parafusos a menos.
E é por isso que é tão divertido vê-los apanhando tanto ao longo de cada um dos filmes, das maneiras mais variadas, em momentos dignos de “Videocassetadas”.
Ok, talvez isso merece uma correção. Eles não são normais. Nenhum ser humano aguentaria tanta pancada e ainda levantaria, pleno, com capa preta e máscara no lugar, pronto para mais um esquartejamento.