É comum, quando há um paciente internado com diagnóstico de morte cerebral, as pessoas terem muitas dúvidas. Pois bem, essa complicação pode ser chamada de morte encefálica também — que significa a parada completa e irreversível de todas as funções do cérebro e tronco cerebral.
Segundo Dr. Wanderley Cerqueira de Lima, neurologista, o sangue que é bombeado do coração ao cérebro não é capaz de chegar adequadamente e, em consequência disso, o órgão para de funcionar completamente. “Todas as funções do córtex e do tronco cerebral ficam inativas e essa condição é diferente de uma coma profundo, em que o reflexo ainda está presente”, explica.
A ausência dessas funções implica em morte, pois o paciente não é mais capaz de respirar, manter a temperatura ou pressão necessárias para a sobrevivência.
Diagnosticar a morte encefálica é importante para evitar tratamentos incapazes do paciente sobreviver, além de liberar leitos, aparelhos e orientar os familiares para que eles possam optar pela doação de órgãos.
Antes de declarar que a pessoa está morta do ponto de vista cerebral, médicos precisam seguir diversas exigências recomendadas pelo Conselho Federal de Medicina, a fim de evitar erros ou antecipar um problema antes de transcorrido o processo natural de deterioração do cérebro. A avaliação de morte encefálica deve ser comprovada sempre por dois médicos diferentes e no intervalo de, no mínimo, 1 hora.
Quais são as etapas para declarar a morte encefálica?
A primeira etapa é comprovar todos os fatores diagnósticos que podem levar à morte encefálica.
Na segunda, o médico avalia se o paciente está em coma, e começa a ver se abre os olhos, se há resposta verbal, ou alguma resposta motora aos estímulos que acompanham a Escala de Coma de Glasgow, método para definir o estado neurológico de pacientes com uma lesão cerebral aguda, analisando seu nível de consciência. Essa escala vai do 3 ao 15.
Em seguida, é realizado um exame clínico neurológico e pesquisas dos reflexos do tronco cerebral. Nessa fase é avaliada a existência do reflexo da pupila, reação à tosse, movimentos da cabeça, onde realmente não tenha nenhum reflexo presente.
Na quarta etapa é feito o teste de apneia, considerado obrigatório e também o último recurso do exame clínico neurológico. É aquele momento quando desconecta o ventilador para averiguar se o paciente vai ter alguma movimentação respiratória. Não apresentando nenhum reflexo respiratório, se o teste de apneia dá positivo, confirma-se a morte encefálica.
Na quinta etapa, realiza-se exames complementares confirmatórios como o Eletroencefalograma (EEG) ou eletroencefalografia, que é um exame que permite o estudo do registro gráfico das correntes elétricas espontâneas emitidas no cérebro.
Nesta última etapa é realizado um segundo exame neurológico e pesquisas de reflexos por outro especialista médico.
Por fim, após o diagnóstico e comprovação da morte encefálica o médico responsável e familiares são comunicados e, por fim, direcionam a opção da doação de órgãos do paciente que sofreu a morte cerebral.
Consultoria: Dr. Wanderley Cerqueira de Lima, neurologista e neurocirurgião do Hospital Albert Einstein e Rede D’Or.